Álcool, tabaco, jogo, sexo e drogas: estas são as dependências mais
conhecidas - e censuradas - pela sociedade. Mas há outros vícios
comumente aceitos que podem ser igualmente nocivos: a dependência do
celular, do computador, da Internet e até mesmo do trabalho. Fruto das
novas tecnologias, essas manias não são tóxicas, mas reduzem a liberdade
e alteram o comportamento social das pessoas. E vêm se tornando mais e
mais freqüentes.
Como explica o doutor Otín Grasa, um dos profissionais que dirige o site
espanhol adictosainternet.com, "no princípio, os usuários da rede eram
empresários e profissionais, mas a população em geral foi aumentando
gradativamente, sendo que os mais jovens correm maior risco de se
tornarem viciados, especialmente os adolescentes".
As novas tecnologias não apenas tornam a vida mais fácil, mas também
produzem mudanças nos costumes e hábitos sociais. Seu uso compulsivo
pode provocar patologias relativamente novas, como ficar dependente do
celular ou da Internet, que apareceram há pouco mais de dez anos -
embora, em países como os Estados Unidos, tenham começado a surgir mais
cedo.
Um dado importante é que o consumo excessivo destas tecnologias se
encaixa dentro dos padrões da sociedade moderna e, por isso, o indivíduo
não costuma ter consciência de seu problema de adição. Assim, as
pessoas afetadas, mesmo que percam o autocontrole, não pedem ajuda até
chegarem "ao fundo do poço" ou serem pressionadas pela família.
É verdade que isto não ocorre todos os dias. Mas é certo que as pessoas
inseguras, imaturas, incapazes de resolver seus problemas, instáveis
emocionalmente ou com tendência a buscar o prazer de forma imediata são
as mais propensas a cair na dependência do uso da Internet ou do
celular.
São maneiras perfeitas para fugir da realidade estressante e compensar,
de maneira fictícia, essas carências. Assim, o que começa como uma
solução acaba se convertendo em uma conduta obsessiva, que dá origem ao
abandono das obrigações familiares, de trabalho e culturais. O problema,
hoje, é que estas patologias são cada vez mais freqüentes entre os
jovens.
O caso mais extremo das conseqüências que a dependência das novas
tecnologias pode trazer aconteceu recentemente, quando um jovem de 28
anos morreu de ataque cardíaco depois de passar 50 horas seguidas
jogando em um computador num cibercafé. De acordo com a polícia da
cidade sul-coreana de Daegu, o rapaz passou suas últimas horas
"pendurado" em um RPG de estratégia pelo qual estava obcecado. Parava
apenas para ir ao banheiro até que seu coração não resistiu ao
esgotamento.
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